sábado, 29 de outubro de 2011

Eu não me reconheço mais...

Após anos já não sei quem eu sou. Sempre mutante, sempre camaleão, mas sem lastro pra deixar nos portos que passei. Sou fraco? Sou forte? Ambíguo? latente? Sei que sou, mas não sei quem sou. Talvez velho demais, talvez insensível demais, talvez sem identidade. Mas sempre tentando ser alguém melhor. Ser melhor não quer dizer estar melhor, pois são nos altos e baixos que se aprende. Se hoje sou fogo, é porque ontem fui água, se hoje sou terra, porque ontem respirei fundo e resolvi tentar melhorar. Mas melhorar a alma não é ser o que esperam de você. Tente se desprender dos vícios, dos indícios, das seres, dos indivíduos, tente ser indivisível. Pare de pensar no próximo, pense em você. Eles só pensam neles e ponto. Sempre deixei metade de mim nos outros, sempre fui devoto da felicidade alheia em detrimento do meu ser feliz. E por isso estou morto. Me sinto assim morto. Sem a chama interna que me da prazer em viver, sem motivo que me faça ir a praia e ver o sol. Por isso não me reconheço, pois quem sou eu, além de você refletido no espelho? Sou seu sabor, pois meu paladar é nulo. Sou indolor, pois o grito da pancada vem dos seus lábios. Sou transparente, pois o prisma que capitou todas as cores do universo você o roubou de mim. Só vou nascer de novo, quando você morrer em mim. Só serem um, quando parrar de pensar em dois, pois essa dupla já se findou. Deixe eu renascer, pra que daqui a mais 44 anos eu não me pergunte novamente quem eu sou...